Informativo
Estudante do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural defende tese intitulada “Sobre Conhecimentos e Ativismos: as associações canábicas nas redes sociais digitais”.
A tese intitulada “Sobre Conhecimentos e Ativismos: as associações canábicas nas redes sociais digitais” de autoria da discente Ana Paula Lopes da Silva Rodrigues, orientada pela professora Ivonete da Silva Lopes e coorientada pelo professor Victor Luiz A. Mourão, foi defendida no dia 02 de dezembro de 2022 no Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural, do Departamento de Economia Rural (DER) da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A banca examinadora foi composta pelos seguintes membros: Ivonete da Silva Lopes (Presidente), Daniela Alves de Alves, Bianca Aparecida Lima Costa, Rennan Lanna Martins Mafra e Pamela Araújo Pinto.
O surgimento de associações civis em prol da cannabis se iniciou na década de 2010. Diante da inércia do Estado, essas organizações têm atuado no acolhimento, apoio, informação, capacitação e facilitação do acesso de pacientes e familiares ao medicamento produzido a base de maconha, substância proibida no Brasil. Este estudo visa analisar como o ativismo canábico promovido pelas associações brasileiras se fundamenta em conhecimentos científicos ou adquiridos pela vivência dos associados. A pesquisa aborda esse assunto de forma exploratória e é composta de quatro capítulos.
O primeiro apresenta o contexto social e político contemporâneo da planta. Inicia-se com a apresentação do paradigma proibicionista, assim como das conferências internacionais e da política de guerra às drogas, responsáveis pela proliferação deste pensamento no mundo ocidental. Somente então discute-se a relação entre a maconha e o paradigma proibicionista no contexto brasileiro, a Lei de Drogas (Lei 11.343/2006) e como ela afeta diretamente no acesso à planta, principalmente para fins medicinais e científicos. Em sequência, são apresentados os conceitos de ativismo e movimentos sociais, contextualizando o movimento antiproibicionista no Brasil. Finaliza-se com a apresentação da abordagem mais recente do ativismo canábico: o movimento pela cannabis terapêutica.
O segundo capítulo busca identificar as linhas de ação do associativismo canábico no Brasil e verificar quais estão presentes no ativismo praticado pelas associações participantes. Para compreender e identificar semelhanças e individualidades das associações participantes, também se fez uso de metodologia de análise documental, com base nos Estatutos Sociais e demais documentos oficiais disponíveis nos sites das organizações ou disponibilizados diretamente à pesquisadora pelos representantes das associações. Para além das conquistas alcançadas, apresenta-se aqui o motivo pelo qual o número de associações canábicas segue crescente, assim como a razão para a desobediência civil ainda ser a principal alternativa de acesso ao tratamento para a maioria dos pacientes de uso terapêutico da cannabis.
O terceiro capítulo tem por finalidade identificar como o ativismo canábico pode se fundamentar em conhecimentos de base científica ou adquiridos pela vivência dos associados. Também constatou-se diversas percepções dos associados entrevistados sobre o ativismo realizado por suas associações e sobre o movimento canábico no Brasil em geral. Por meio das entrevistas de roteiro semiestruturado com seguidores e representantes das associações foi possível verificar que há uma relação de confiança e esperança entre os seguidores e as organizações, isso porque os associados encontram nessas instituições acolhimento, apoio, informação, conhecimento, formação, e, principalmente, pessoas que vivenciam uma realidade semelhante às suas.
O quarto capítulo analisa o ativismo digital promovido pelas associações participantes, a fim de identificar tanto as estratégias de comunicação utilizadas para alcançar o público, quanto analisar a interação dos seguidores no Instagram (curtidas e comentários). Para tal fim, realizou-se a Análise de Conteúdo dos perfis de três associações canábicas brasileiras: Associação Cultural Cannábica de São Paulo (ACuCa), Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal (Ama+me) e Associação de Apoio à Pesquisa e à Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi). Como resultados, identificou-se que apesar de suas características e objetivos distintos, as ações de ativismo divulgadas podem ser classificadas como ações internas à associação, ações externas à associação e apoio a outras causas complementares ao ativismo canábico. Sobre os seguidores, identificou-se que esses se comportam nos comentários interagindo como consumidores, multiplicadores e cocriadores.
Na imagem abaixo, um registro da defesa da dissertação, que ocorreu de forma híbrida.